
Lembro-me bem de um texto de um autor que não me lembro no momento o nome, mas o nome não importa, a mensagem foi importante, ele mostrava o espanto de um homem frente a uma realidade estarrecedora, essa realidade que o autor demonstrava vi, e tive a mesma sensação do autor que a concretizou em um conto.
O conto se passava em uma cidade cosmopolita, onde um homem via um outro homem (até ele duvidou por um momento que aquilo fosse um homem) se alimentando de restos.
Há algumas semanas ao ir ao meu jogo semanal sagrado vi uma cena igual que me fez pensar em o quanto evoluímos como sociedade nesses quase vinte anos do conto original, em meio á carros importados e gente se dirigindo a avenida mais “badalada” de Belém uma família formada por 5 (Cinco) pessoas procuravam ávidas por algo para comer em um amontoado de lixo naquela área nobre.
O que mais me espantou foi a naturalidade com que as pessoas passavam por aqueles que deveriam ser considerados iguais, passava, sem mesmo olhar a cena, não se constrangiam ou mesmo se inquietavam, agiam como se aqueles entes fossem sombras que não mereciam sua atenção.
Esse status de consciência (inconsciência) é o mais perigoso, é quando não mais nos sentimos ultrajados com cenas como estas, chegamos à negar à eles um status humano , não os consideramos iguais, e por isso alguns acham (espantem) que eles até merecem estar naquele estado, como se alguém almejasse se alimentar dos restos da sociedade, não só os restos de alimento,como também dos restos de amor e solidariedade que ainda restam em poucos quase humanos.
Depois de muitos anos, natais e reveillons não mudamos muito, desejamos somente o amor e felicidades pra quem conhecemos e nos estão próximos, e ainda abraçamos de bom grado a indiferença que berra ao nossos ouvidos, negamos a racionalidade e nos tornamos menos humanos à cada dia.
SERÁ QUE AINDA PODEMOS DIZER QUE SOMOS SERES HUMANOS?você ainda se inquieta...???