A luz fria da fluorescente lançava um ar mais sombrio e triste, onde a tristeza já transbordava pelas janelas e transpassava pelas frestas da porta invadindo o corredor que exalava éter.
Dentro do cubículo branco os únicos sons ainda audíveis são os “bips” compassados dos instrumentos que insistem em manter artificialmente aquilo que nos prendemos tanto, e evitando o nefasto e inevitável epílogo de uma comédia ou drama, como queira.
O corpo que jaz deitado na cama daquele cubículo há muito não têm seu corpo banhado pelo calor do sol, há muito não vê ou sente o cheiro das mangueiras, apenas resiste por insistência infantil, faz um ultimo esforço e vagarosamente levanta as pálpebras tentando ver os aparelhos aos quais está ligado há tanto tempo.
Aparelhos de Merda!, que ainda fazem o músculo se contrair e adiar o que ele já se aceitou há muito, e uma lágrima apressada corre por seu rosto demonstrando uma certa inconsistência desse seu finalismo. Outra lágrima corre, e traz consigo as lembranças da primeira vez que viu aqueles pequenos olhinhos verdes, dos primeiros passos, e das muitas quedas.
Outras lágrimas correm insistentes, formando um rio melancólico e silencioso, sobre aquele rosto agora úmido que sobreviveu à tantos sóis, verões e invernos, que amava e odiava, que vivia e morria a cada instante, que agora só pensava em mais uma vez, pela última vez, ver aqueles olhinhos verdes, abraçá-los.
Diálogo pós-almoço da Vida e da Morte
Há 10 anos
3 comentários:
Passa nomeu blog só pra dizer que tem post né?!
Adorei seu texto. Faz todo estilo que eu gosto de ler=D
Oo Sou apaixonada por Frejat =]
que triste :x mas adorei como você escreveu!
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