quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O observador, em busca da sanidade.

Abriu a porta devagarzinho para não chamar a atenção, no entanto o ranger da porta foi ouvido por toda a sala provocando o que ele temia, a avalanche de olhares que se voltaram em sua direção, sentiu-se acuado por um instante com o a análise minuciosa que todos sempre faziam dos novatos, maldita falta de lubrificação (que ambíguo!)!.

Sentou-se logo atrás de uma menina ruiva, que foi uma das poucas que não se virou para lhe ver entrando, o hábito de tentar decifrar as pessoas apenas por detalhes logo o fez voltar seu olhar para a garota ruiva, fazendo-o esquecer por alguns minutos os problemas que tinha e os que viria à ter, outro hábito, sofrer com antecedência.

A menina tinha um pequeno laço roxo que partia seu cabelo em dois, dando-lhe um aspecto recatado. O laço tinha cara de artesanato, não era industrializado com certeza, as costuras levemente desuniformes denotavam isso, poderia ter sido uma avó ou mãe um pouco mais “velha” que passa horas bordando ou costurando tentando preencher o tempo até o encontro com a senhora de preto.

Hum, então usar coisas que as mães ou avós fazem mostram que ela não tem medo de ser ridicularizada, os (nós) adolescentes odeiam mostrar qualquer afetuosidade pública aos pais ou mesmo parentes e usar algo como aquilo mostrava ser ela um pouco estranha já que nessa (nossa) idade uma das coisas mais importantes é tem a chamada “reputação” que com certeza não perpassava por utilizar de acessórios que não fossem de uma grife famosa, ele gostava de meninas estranhas.

Do cabelo logo observou que ela utilizava uma camiseta branca, um pouco (muito!) amarrotada, de duas uma, ou ela saiu atrasada de casa não dando tempo para ela arrumar-se ou ela veio de busão, esta ultima muito improvável já que a mensalidade do colégio era equivalente a dois salário mínimos e meio, ou seja, quase todos ali nunca andaram de ônibus, imaginem uma menina usando D&G dos pés a cabeça pegando um bus lotado, sem chance! Esta possibilidade era a mesma de eu ir em um show do calypso vestido de “joelma”!.

O Sinal tocou impedindo que ele continuasse sua nova velha diversão, ela se levantou rapidamente e saiu da sala sem falar com ninguém, deve estar indo à cantina, bom lugar para continuar sua análise e para ele continuar a entupir sua artérias e quem sabe dar trabalho no futuro á seu pai cardiologista, uma ponte de safena sempre foi seu sonho e com um pouco de sorte uma mamária como cereja do bolo e um Stent como cobertura!

To be continued.....